sábado, outubro 25, 2008

Manifesto do Queijo - Tempo Plástico

Um choque no buraco

Ano 454 da deglutição do Bispo Sardinha. Comemos eles, comemos nós mesmos, estamos de barriga cheia. Digerimos. Fomos Antropófagos, com apetite de tudo. Acabou a comida.

Belo Horizonte, cidade cosmopolita limitada por serras. Curral Del Rei, Cidade das Alterosas, Cidade Jardim. Somos novos, não tivemos Congado, não tivemos escravos, fomos planejados.

Crescemos, reproduzimos, viramos bichos. Violentos. Fomos além da Contorno e esquecemos do que éramos. Resgatamos. Medrosos, nos escondemos com medo do rato, entramos no buraco.

Somos fazendas, currais, pastos. Fazemos queijo, comemos queijo, tomamos pinga.

Não queremos aprender o toque do tambor, já comemos. Não queremos o fogão a lenha, a igreja, as cidades históricas, o doce de leite, o queijo, o rio, o mar, São Paulo, a Europa. Digerimos.

Bebemos no bar. Subimos ladeiras, pegamos ônibus lotados, nos encontramos em cada esquina, vamos ao mercado, bebemos no mercado. Dormimos com o trânsito nas ruas, com as sirenes, com as buzinas. Estamos no Buraco do Queijo.

Somos uma manifestação cultural. Pegamos nosso queijo e ligamos na tomada. Olhamos no buraco, tomamos um choque. Ressuscitamos.

Somos híbridos de nascimento e seremos híbridos de verdade. Com apenas 100 anos, já nascemos na era do rádio. Que me desculpem os Tupinambás, mas a antropofagia acabou. Foda-se as culturas intocáveis, foda-se nossos jovens importados. Está inaugurada a Autofagia.

Não precisamos mais olhar para fora ou para dentro. Já rompemos nossas fronteiras. Comeremos nossa própria carne e o que mais quisermos comer. Valorizaremos nosso próprio Buraco. Entramos no queijo e somos o que precisamos.

sorriso sem gato



TEMPO PLÁSTICO - myspace.com/tempoplastico

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